O espetáculo, indicado ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem em 2 categorias, cumpre circulação gratuita por 7 cidades margeadas pelo Rio Tietê.
A paulistana Cia. de Achadouros apresenta o espetáculo infantil Os Lavadores de Histórias, no dia 25 de junho (sábado, às 16h), na Casa de Cultura Maestro Aristeu Custódio Moreira, em Pereira Barreto, SP, com ingressos gratuitos.
Inspirada na poesia do cuiabano Manoel de Barros, a peça – dirigida por Tereza Gontijo com dramaturgia de Silvia Camossa, em processo colaborativo com o grupo – fala sobre memórias esquecidas da infância, guardadas em objetos abandonados. A montagem foi indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Direção Revelação e Trilha Musical Adaptada.
Os Lavadores de Histórias são Urucum, Tom Tom e Jatobá, interpretados pelos atores palhaços Emiliano Favacho, Mariá Guedes e Felipe Michelini, respectivamente. Durante a noite, visitam quintais para lavar objetos esquecidos ou abandonados, como brinquedos e roupas, e reviver momentos da infância. Eles carregam consigo o Rio da Memória. Nas águas desse rio vão lavando os objetos, revelando histórias, fantasias, personagens e brincadeiras. Eles ficam tocados, mas também se divertem muito com os segredos revelados. Por meio de cenas cômicas e circenses, teatro de sombras e objetos, o espetáculo faz uma sensível reflexão sobre a relação da criança com o mundo real e o da imaginação, lançado um olhar lúdico e poético sobre a infância.
A circulação, que já passou por Suzano (14/5), Salesópolis (19/5) e Santana de Parnaíba (21/5), contempla sete cidades do interior paulista, banhadas pelo Rio Tietê, numa referência ao Rio da Memória presente no enredo da peça. O Rio Tietê, que nasce em Salesópolis (Serra do Mar), percorre praticamente todo o estado de São Paulo e deságua no Rio Paraná. A circulação segue o trajeto do rio em direção a Mato Grosso, onde nasceu Manoel de Barros.
Na sequência, a companhia Botucatu (30/07, às 16h, no Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinucci, no Festival de Inverno de Botucatu), Ilha Solteira (13/08, às 19h, na Casa da Cultura Rachel Dossi, integrando a Mostra de Teatro de Ilha Solteira) e Pirapora do Bom Jesus (Casa de Cultura de Pirapora, data a definir).
Três ações completam a programação em cada cidade: Varal de Memórias, uma instalação cenográfica interativa, na qual o público poderá pendurar suas histórias e lembranças da infância; distribuição de Programa Lúdico, contendo jogos divertidos e brincadeiras para as crianças com temas relacionados ao enredo da peça; produção de Mini Documentário com depoimentos e relatos de espectadores sobre a relação com o rio da sua cidade, registros da circulação e bastidores, que será disponibilizado no YouTube da Cia. de Achadouros.
A encenação
Tendo como ponto de partida a potente e delicada poesia Manoel de Barros (1916-2014, Cuiabá/MT), Os Lavadores de Histórias valoriza as pequenas coisas, a beleza contida nas sutilezas, a graça do imaginar, as brincadeiras espontâneas e colaborativas e o contato com a natureza. Os atores fizeram uma imersão na obra do poeta e foram para as ruas do bairro São Mateus, em São Paulo, em busca de histórias reais da memória afetiva de moradores antigos e crianças. “Um dos poemas de Manoel de Barros que mais nos inspirou foi Desobjeto, que fala sobre usar a imaginação para dar novos sentidos e funções a um objeto, transformá-lo em outra coisa na hora de brincar”, comenta Felipe Michelini. Os protagonistas revelam que lembranças de suas próprias infâncias e de outras pessoas envolvidas na produção também estão no enredo.
A diretora Tereza Gontijo – mineira de Belo Horizonte, que também é palhaça, integrante dos Doutores da Alegria e da Cia. Vagalum Tum Tum – enfatiza que o espetáculo foi concebido para a família. “Enquanto a palhaçaria é diversão garantida para as crianças, o tom lírico e poético da peça toca os adultos ao acionar o dispositivo das lembranças da infância”. Ela afirma que o processo junto à Cia. de Achadouros teve como estímulo o prazer do jogo de palhaços no trabalho de criar para o público infantil.
Urucum, Tom Tom e Jatobá sabem que as coisas esquecidas nos quintas guardam muitas histórias de meninos e meninas que cresceram e não lembram mais das brincadeiras e dos sonhos. As histórias surgem à medida que objetos e brinquedos são lavados e revelados. Entre as cenas está O menino que queria voar: um lençol manchado revela o garoto que queria viajar pelo mundo. Às vezes, fazia xixi enquanto dormia e se escondia embaixo da cama, sonhando em voar e unir os quatro continentes. Tem também A menina triste que descobre o que a faz feliz: um lenço colorido traz a história da menina que vivia triste até conhecer um garoto mágico (inspirada em conversas com a sambista Tia Cida, moradora da região de São Mateus). Ela o encontra quando vai buscar lenha e o acompanha até o acampamento cigano, descobrindo ali o seu amor pela música. Em O menino que vai para a lua com o amigo imaginário, um sapato velho se transforma em interfone secreto para anunciar a missão da primeira criança a pisar na lua (história do ator Felipe). Em A menina que encantava os passarinhos, uma velha escova de cabelos traz para a cena a história de uma rádio de passarinhos (memória da atriz Mariá). Muitas aves participam da programação: a andorinha dá receita de bolinho de chuva (chuva mesmo!); o tico-tico, que voa alto, faz a previsão do tempo; no futebol, os jogadores são pássaros; e a radionovela dramatiza a história do menino que ficou chateado porque ia ganhar uma irmãzinha, não um “irmãozinho para brincar”, mas descobre a alegria dessa nova relação (história de Emiliano).
Para o grupo, Os Lavadores de Histórias quer fazer o público lembrar coisas que não deveriam ser esquecidas, lembrar que brincar junto é fundamental, e quebrar as amarras dos adultos pela memória afetiva para que pais e filhos revivam a magia do brincar.
FICHA TÉCNICA – Dramaturgia: Silvia Camossa. Direção: Tereza Gontijo. Elenco: Emiliano B. Favacho (Urucum, Gururu, Cipriano), Felipe Michelini (Jatobá, Bugrinha, Menino Cigano) e Mariá Guedes (Tom Tom, Menina Triste, Meninassarinha). Cenografia: Alício Silva e Bira Nogueira. Figurino: Cleuber Gonçalves. Iluminação: Giuliana Cerchiari. Adereços: Clau Carmo e Cia. de Achadouros. Pesquisa musical: Emiliano B. Favacho e Tereza Gontijo. Músicas: Kevin Macleod. Edição de som: Emiliano B. Favacho e Rodrigo Régis. Voz em off: Evandro Favacho. Grafite/painel: Celso Albino. Operação de som: José Olegário Neto. Operação de luz: Francisco Renner. Preparação corporal: Ana Maíra Favacho e Erickson Almeida. Registro em vídeo, edição e fotografia: Cidcley Ulysses Dionísio. Design gráfico: Nathalia Ernesto. Produção: Leneus Produtora de Arte. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Fotos/divulgação: Giuliana Cerchiari. Idealização: Cia. de Achadouros. Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Edital ProAC Expresso – 08/2021 – Público Infanto-Juvenil / Circulação.
Serviço
Espetáculo: Os Lavadores de Histórias
Com: Cia. de Achadouros
25 de junho. Sábado, às 16h
Casa da Cultura Maestro Aristeu Custódio Moreira
Rua Dermival Franceschi, 2301 – Centro. Pereira Barreto/SP
Grátis. Duração: 50 min. Livre (recomendação: 4 anos).
Cia. de Achadouros
A Companhia de Achadouros formou-se, em 2012, com o nome de A Melhor da Cidade Cia. Teatral, a partir do encontro de artistas em curso de máscaras, ministrado por Cida Almeida e Sofia Papo, na SP Escola de Teatro. Estudaram técnicas que envolvem o universo das máscaras, da commedia dell’arte, passando pelo bufão até chegar à menor máscara do mundo: o nariz vermelho do palhaço.
Em 2014, contemplado pelo Programa VAI – 2014, o grupo iniciou o projeto O Espetáculo Mais Prestigioso do Século Vai a São Mateus – pesquisa sobre palhaçaria na região de São Mateus, zona leste de São Paulo – que compreendeu ainda uma série de ações culturais no bairro (cortejos cênicos e musicais, saídas livre de palhaço) e pesquisas com a comunidade e a relação com a linguagem do palhaço. O Espetáculo Mais Prestigioso do Século (direção – Sofia Papo; dramaturgia – Cida Almeida) é um espetáculo de rua com linguagem de palhaço e números circenses. As reverberações direcionaram a pesquisa para a ação do palhaço na rua, como interventor e facilitador de relações.
Em 2017, o grupo debruçou-se sobre questões da infância na região com o projeto Elogio à Infância: Escavando os Meninos que Fomos. O trabalho reúne histórias vividas por pessoas em São Mateus, memórias da infância dos integrantes e a poesia de Manoel de Barros. O resultado é o infantil Os Lavadores de histórias, sua segunda montagem, em parceria com a diretora Tereza Gontijo e a dramaturga Silvia Camossa, sendo indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Direção Revelação e Trilha Musical Adaptada. A peça estreou no Sesc Pinheiros, em 2018, seguiu para a unidade Vila Mariana, circulou por unidades do Sesc no interior paulista e foi apresentada no Itaú Cultural, em Casas de Cultura e Fábricas de Cultura, além de ter feito temporada online durante a pandemia.
O grupo também desenvolve projeto de contação de histórias – Origens do Brasil, que reúne histórias indígenas e afro-brasileiras – e intervenções de palhaço com as temáticas: infância e meio ambiente. Os(as) integrantes da companhia também realizaram trabalhos pedagógicos (aulas de teatro, palhaçaria e intervenção urbana) em Casas de Cultura e outros espaços e projetos.
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*Texto divulgado com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Pereira Barreto.